Escrito por Regina Célia Rodrigues de Miranda Milagres
Qua, 05 de Junho de 2013 10:19
Na culinária brasileira, assim como na mexicana, apimenta é utilizada frequentemente como um dos principais condimentos. Além de ser considerada afrodisíaca, ela é conhecida pelo seu paladar de gosto ardido, que faz o maior sucesso. No entanto, além do seu sabor incomparável, ela pode trazerbenefícios
"Os capsaicinoides
Descrita como um alimento funcional por conter substâncias com atividadeantioxidante, a pimenta retarda a velocidade da oxidação, inibindo os radicais livres e, consequentemente, prevenindo o surgimento de doenças, o que contribui para uma maior longevidade. Além disso, as pimentas possuem propriedades anti-inflamatórias, antimicrobianas e anticancerígenas associadas, provavelmente, à presença dos capsaicinoides, das vitaminas e dos polifenóis nos frutos de pimenta.
Quais são as principais propriedades nutricionais da pimenta?
A principal característica dos frutos da pimenta é a pungência caracterizada pelo sabor picante ou ardente, conferido pelos capsaicinoides, que é o princípio ativo das pimentas do gênero Capsicum (ex.: pimenta-malagueta, dedo-de-moça, cumari), ou pela piperina em pimentas do gênero Piper (pimenta-do-reino).
Os carotenoides, pigmentos vegetais importantes pela atividade provitamina A, estão presentes em altas concentrações e conferem às pimentas a sua coloração, que pode variar desde amarelo-claro ao vermelho-intenso.
A pimenta também pode aumentar a taxa metabólica do organismo, e este efeito faz com que o consumo de aproximadamente 6 g de pimenta queimem cerca de 45 calorias.
Algumas pessoas podem ter uma tolerância à pimenta maior do que as outras?
Sim. A sensibilidade se dá de acordo com o número de botões gustativos presentes na língua. Nos humanos, encontramos aproximadamente 250 papilas fungiformes, que possuem em torno de 1.600 botões gustativos. Entretanto, esse número pode variar muito entre indivíduos. Cerca de 50% das pessoas possuem sensibilidade normal e as demais são divididas entre aquelas que possuem poucos ou praticamente nenhum botão gustativo em suas línguas, consideradas não sensíveis a alimentos picantes, enquanto aquelas que possuem muitos botões gustativos são consideradas supersensíveis.
Sabe-se que o consumo repetido de pimenta confunde receptores da substância P, um neurotransmissor químico que comunica ao cérebro sobre a dor ou a inflamação na pele. Por este motivo, alguns indivíduos toleram comer cada vez mais pimentas, tendo a sensação de menos ardor. Pessoas com sensibilidade normal ou os supersensíveis algumas vezes comem alimentos muito picantes e suas línguas podem sofrer queimaduras de contato, o que danifica os botões gustativos, mas eles são recuperados em cerca de duas semanas.
O que o exagero no consumo da pimenta pode causar?
Apesar de muitas pessoas acreditarem que a pimenta pode causar úlceras ou produzir outros distúrbios digestivos, não existem dados científicos que comprovem este efeito. Entretanto, quando consumidas em grande quantidade por pessoas com hemorroidas, podem causar irritação no reto.
Quanto à toxidade, o principal risco está relacionado aos capsaicinoides. Estudos demonstraram que doses extremamente altas podem levar ratos à morte, mas em humanos seria necessário consumir de uma só vez cerca de 1,8 litro de molho de pimenta picante para o indivíduo ficar inconsciente.
Quais são as recomendações para se evitar o lado negativo da pimenta?
Existem pimentas, por exemplo, que podem ser mais fracas e mais fortes?
A picância varia de acordo com o tipo de pimenta e pode ser expressa por uma escala sensorial denominada Scoville Heat Units (SHU) ou Unidades de Calor Scoville. Os seus valores variam de zero, para pimentas "doces", até um milhão de SHU para pimentas extremamente picantes.
Entre as principais pimentas consumidas no Brasil, são consideradas "doces" ou com baixa picância as pimentas conhecidas como cambuci ou chapéu-de-frade e a pimenta de bico ou biquinho, que possuem zero SHU. Entre as de média picância, temos a jalapeño (37.000 SHU) e a dedo-de-moça (46.000 SHU). E entre as de alta picância, a malagueta (164.000 SHU), a cumari-do-pará (210.000 SHU) e a murupi (223.000 SHU).
Regina Célia Rodrigues de Miranda Milagres é Economista Doméstica formada pela Universidade Federal de Viçosa, UFV, Minas Gerais. Doutoranda em Ciências pelo Centro de Energia Nuclear na Agricultura/Universidade de São Paulo - CENA/USP. Mestre em Ciências da Nutrição pela Universidade Federal de Viçosa.Especialista em Nutrição Humana e Saúde pela Universidade Federal de Lavras, UFLA, Minas Gerais. Servidora pública federal, Enquadramento funcional: Técnica de Nível Superior na Universidade Federal de Viçosa.
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